O Bovespa Mais (Mercado de Ações para o Ingresso de Sociedades Anônimas), criado no fim de 2005 pela Bolsa de Valores de São Paulo, foi estabelecido nos moldes do AIM (Alternative Investment Market), mercado alternativo da Bolsa de Londres, e do TSX Venture Exchange, da Bolsa de Toronto, no Canadá. O objetivo de ambos é acolher empresas essencialmente de pequeno e médio portes que tenham como estratégia acessar de maneira gradual e segura o mercado de capitais.

O AIM, criado pela London Stock Exchange em 1995, tem cerca de 1.600 companhias listadas; na canadense são mais de 2.300. Já a similar brasileira, com mais de dois anos de existência, teve, em janeiro de 2008, o anúncio da primeira interessada em fazer oferta pública de ações nesse mercado alternativo, que permite emissões de papéis no valor máximo total de até R$ 150 milhões. A despeito disso, as empresas no Brasil estão buscando capitalizar-se para financiar novos projetos de expansão. Não é à toa que, no ano passado, 64 fizeram IPO (sigla em inglês para oferta pública de ações) na Bovespa.

O sucesso dos IPOs de 2007 pode não se repetir em 2008, por várias razões. Porém, neste ano, há um enorme potencial para expansão do segmento Bovespa Mais

Contudo, há incentivos importantes oferecidos às empresas para ingressarem no Bovespa Mais, como custos reduzidos para realizar a oferta e análises independentes custeadas pela própria Bolsa. Com relação à governança corporativa (práticas societárias rígidas de transparência financeira), as regras são as mesmas de qualquer organização que entre no mercado de ações. Tanto na brasileira Bovespa Mais como no AIM londrino, a proposta das empresas é conquistar, a médio prazo, espaço no mercado de valores mobiliários. Para os acionistas, os lucros relevantes do investimento nos papéis comprados nesse segmento não costumam aparecer de um dia para o outro, mas, sim, num período mais longo de aplicação no negócio.

Entre outras diferenças, no AIM existe ainda a figura do “Nomad” (Nominated Advisor), geralmente um banco, que exerce um papel ativo na preparação e manutenção das empresas na bolsa. É o que faz uma revisão prévia dos documentos de admissão.

No AIM, o crescimento recente do mercado alternativo deve-se à entrada de players da área de imóveis, energia e finanças. Indústrias de mineração e petróleo têm sido fortes também. Só para se ter uma idéia, 15% do mercado alternativo em Londres é ocupado por empresas de mineração e 16% por organizações que atuam na área financeira. Empresas de bens imobiliários respondem por 13% dos investimentos, seguidas das de petróleo e gás (10%).

Outros segmentos têm-se mobilizado para também ingressar fortemente no AIM. É o caso de companhias aéreas, hotéis, serviços de marketing, gestores de fundos, manufaturas etc., todos de setores econômicos em expansão no Reino Unido ou em recuperação de crises recentes.

2007 foi um ano em que o Brasil descobriu o potencial de se investir na Bolsa, haja vista o número de IPOs do período, o que poderá não se repetir em 2008 por várias razões. Porém, há enorme potencial para se expandir no Bovespa Mais. Setores em expansão no País, como imobiliário, agronegócio e tecnologia, podem beneficiar-se desse segmento do mercado de capitais. Empresas de pequeno e médio porte dessas áreas devem aproveitar e se capitalizar através da Bolsa. A competitividade em alta e o aquecimento da economia requerem estratégia desse tipo para superar os concorrentes.