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Rússia, o país mais sem noção do mundo
21/03/2014

A Rússia é dos países mais fascinantes, para o bem e para o mal. Ela gerou alguns dos melhores escritores, foi peça-chave na geopolítica do século 20, é fonte dos mais bizarros vídeos de trânsito e fornece as notícias mais completamente loucas do mundo. Ultimamente o gigante não sai das manchetes. Foi palco dos Jogos Olímpicos de inverno em Sochi (cuja estrutura mostrou que o Brasil não é assim tão bagunçado). Tem projetos de lei contra a apologia à homossexualidade que estão na contramão do mundo Ocidental. E, principalmente, protagoniza uma das maiores crises geopolíticas do momento: anexou a Crimeia, região que fazia parte da vizinha Ucrânia.

Desde que comecei a cobrir mercado de capitais, a Rússia volta e meia aparece em pesquisas e entrevistas. Como o país está em evidência, resolvi listar dez pontos sobre a economia e a governança russa:

1. A corrupção é uma questão séria: dos quatro BRICs, a Russia é o que mais sofre com o problema. No ranking da Transparência Internacional, ela ocupa o inglório 127o lugar entre 177 países. A Índia está em 94o, a China se posiciona em 80o e o Brasil, em 72o.

2. Os russos têm gigantes estatais de gás e petróleo com governança questionável: a Gazprom e a Rosneft estão entre as principais companhias de óleo e gás do mundo. São controladas pelo governo, apesar de ter capital aberto. Ambas estão nas bolsas de valores de Moscou e Londres, e a Gazprom ainda tem ações negociadas Frankfurt.

 3. Empresas russas gostam muito de se listar em Londres: no Reino Unido há boa cobertura de analistas para o setor de óleo e gás, forte na Rússia. Além disso, a facilidade de participar do AIM, mercado de acesso da bolsa inglesa, atrai muitas companhias.

 4. Muitos investidores não aprovam as leis de caráter homofóbico do país: um grupo se organizou para forçar os patrocinadores da Olimpíada de Sochi a se manifestar contra a lei russa que proíbe a apologia à homossexualidade.

 5. A Bolsa de Moscou planeja criar algo muito similar ao Novo Mercado: o Novy Rynok, segmento mais exigente com a governança corporativa das empresas. É difícil saber quando vai sair do papel.

 6. Falar mal de Putin pode render cadeia (ao menos para milionários): um dos casos mais famosos é o de Alexander Lebedev. O milionário, dono de bancos, holdings de aviação e do jornal Novaya Gazeta, está encarando um processo por ter dado um soco em outro milionário durante programa de TV em 2011. Ele é acusado de “hooliganismo político” (seja lá o que isso quer dizer). A prisão e o julgamento, entretanto, pouco têm a ver com o soco, mas com o fato de que seu jornal não é muito simpático ao presidente Vladmir Putin. A fortuna de Lebedev, que já superou os US$ 2 bilhões, encolheu para menos de US $ 1 bilhão desde 2011.

7. A interferência do governo na economia é de fazer inveja aos mais estatistas: dos BRICs, é o país de menor liberdade econômica. Está em 140o lugar no ranking da Heritage Foundation. A China, economia comunista, está em 137o. O Brasil ocupa o 120o lugar e a Índia, o 117o.

8. A Alemanha e a Rússia são interdependentes — até demais. Um terço do petróleo que os germânicos importam é comprado aos russos. O país mais rico da zona do euro também é responsável por um terço das exportações que saem da União Europeia rumo ao país do leste. Por essas e outras, os burocratas europeus pensam várias vezes antes de impor sanções.

9. A economia não anda muito bem por lá: inflação e juros subindo, recursos saindo. Os investidores já foram mais confiantes em relação ao futuro do país.

10. O mercado acionário está sofrendo com a situação: desde o início do ano, o índice MICEX, da Bolsa de Moscou, já desabou 20%. O motivo? A instabilidade política e o temor de como as empresas russas serão afetadas pelas sanções da União Europeia e dos Estados Unidos.


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