O livro Neuromancer, de William Gibson, é um clássico da literatura cyberpunk. Escrito em 1984, ele é uma das referências do filme Matrix. Se você não o leu ainda, leia. Por três motivos: é uma ótima leitura, é incrivelmente atual (apesar dos 30 anos) e, principalmente, ele está se tornando real.
Neuromancer conta a aventura do antiherói Case, um caubói virtual. Ele é especialista em se conectar a um mundo completamente digital e roubar. E isso vem acontecendo há um tempo, num roubo espetacular que chegou ao clímax ontem.
Nesta terça-feira, a maior bolsa de bitcoins do mundo, a japonesa Mt. Gox, saiu do ar. O diretor-presidente, Mark Karpeles, admitiu que ela perdeu 744.408 de moedas virtuais — o que pode significar algo entre US$ 350 milhões e US$ 415 milhões.
Mas, como assim, o equivalente centenas de milhões de dólares em moeda virtual simplesmente desapareceu? Tudo indica que hackers vêm invadindo o sistema da Mt. Gox há algum tempo e realizando operações fraudulentas. Em resumo, os criminosos virtuais criaram uma maneira de receber mais de um pagamento numa transação de troca. Tudo indica que, a essa altura do campeonato, o dinheiro já se espalhou por aí.
Como resolver o problema? Ninguém sabe ainda. Os bancos centrais estão de mãos atadas, tentando descobrir como lidar com essa moeda sem nacionalidade (até o BC brasileiro andou se pronunciando sobre isso, embora não tenha dito nada além do óbvio). O próprio Karpeles está com a faca no pescoço e não sabe como fugir dela. Na página da bolsa, há um recado do CEO: diz que ainda está Tóquio, trabalhando duro para encontrar uma solução para os problemas.
Como se a história toda não pudesse ficar ter mais cara de ficção, um suposto plano de crise da Mt. Gox vazou para o blog The Two-Bit Idiot, cujo autor foi identificado pelo Wall Street Journal como Ryan Selkis, um investidor da moeda. Se autêntico, esse documento fornecerá algumas explicações sobre o rombo milionário.
O romance de William Gibson parece estar saltando da ficção para a realidade. Quanto tempo até as pessoas passarem mais tempo conectadas do que vivendo a vida real? Ou será que a conexão é a vida real? Ou será que isso já aconteceu?
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