Quem opta por investimentos em ações consideradas mais defensivas, de empresas que pagam bons dividendos ou em fundos cujas carteiras focam nesse tipo de papel, pode ter outro ano bastante positivo. Em 2023, até 15 de dezembro, segundo dados da Anbima, os fundos da categoria Ações Dividendos acumulavam retorno de 16,26%. Em 12 meses, o ganho foi ainda maior, chegando a 22,19%.

A projeção de pagamento de dividendos pelas empresas de capital aberto em 2024, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria segue elevada, com destaque para o setor de energia elétrica em número de ativos. Em relação ao ranking geral da projeção, a liderança ficou com a Mahle Metal Leve.

Na lista das ações com maior potencial de distribuição de dividendos, o setor de energia elétrica lidera com cinco ativos, seguido pelo setor de água e esgoto com quatro. Agricultura e bancos possuem duas ações cada.

Critérios

O levantamento, realizado pelo diretor da consultoria Einar Rivero, considerou papéis com volume financeiro médio diário em 2023 superior a R$ 1 milhão, cuja empresa lucrou em 2022 e nos nove primeiros meses do ano passado – obtendo pelo menos 75% do resultado de 2022.

Outro critério importante para o levantamento foi considerar as empresas cuja política de distribuição de dividendos e Juros Sobre Capital Próprio (JCP) não tenha sido alterada. O cálculo do dividend yield projetado para o final do ano de 2024 foi efetuado considerando o preço da ação no último dia de 2023 e o mesmo volume de dividendos e JCP distribuídos pela ação no mesmo ano.

Metal Leve

A líder no levantamento é a Metal Leve (LEVE3), com projeção de distribuir 30,32% de dividend yield em 2024, cinco pontos percentuais abaixo dos 35,32% de 2023. Fecham o TOP 3 dos maiores potenciais de dividendos para o ano, a Copasa (CSMG3), com projeção de 14,13%, e a BrasilAgro (AGRO3), com 12,03%.

O levantamento da Elos Ayta Consultoria considera metodologia 100% quantitativa. A análise destaca que, entre as 13 empresas que distribuíram mais de R$ 2 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, apenas o Banco do Brasil (BBAS3) e a BB Seguridade (BBSE3) são identificadas como tendo potencial de menor pagamento de dividendos neste ano.

A consultoria informa que a Petrobras PN foi “excluída da lista devido ao seu lucro nos nove meses de 2023, que registra uma queda de aproximadamente 50% em relação a 2022”.

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Gestores projetam ano positivo

Com a perspectiva de que as empresas sigam pagando bons dividendos aos acionistas, gestores de fundos da categoria Ações Dividendos mantêm o otimismo e trabalham com a perspectiva de repetir, ao menos em parte, o desempenho de 2023. “Começamos 2024 melhor do que foi 2023, com menos riscos macro e políticos, perspectiva de Selic terminal em 9%, porém com ações já em um patamar mais elevado. A perspectiva é boa, mas com espaço para ganhos mais comprimidos”, comenta Marcos Peixoto, gestor de Renda Variável da XP Asset.

O fundo XP Investor Dividendos FIA obteve um retorno expressivo no ano passado, de 24,84%. O PL do fundo da XP Asset, acrescenta Peixoto, ficou praticamente estável, mas com perspectiva de voltar a crescer neste ano. “As empresas que pagam bons dividendos, de certa forma, acabam sendo concorrentes da renda fixa, e a trajetória de juros menores ao longo de 24 vai ajudar o produto a captar recursos.”

Sobre a perspectiva dos setores na bolsa, Peixoto considera mais importante a análise micro das companhias antes de incorporá-las na carteira do fundo. “Alguns setores, como o de energia, têm uma renda estável, tradicionalmente são bons pagadores de dividendos, mas em outros casos vale mais a análise empresa a empresa do que a perspectiva setorial”, explica.

Disposição para riscos

Bruno Stuani, head comercial da Plural Gestão, tem visão semelhante e destaca a combinação entre bons retornos e risco controlado oferecida pelos fundos de dividendos. “Com a perspectiva de queda na taxa básica de juros, espera-se que os investidores aceitem assumir mais riscos em seus portfólios ao longo de 2024, migrando alocações em ativos de renda fixa para produtos mais sofisticados, como ações”, comenta Stuani.

“Os fundos de dividendos podem oferecer uma excelente combinação de bons retornos com risco controlado. Isso porque, neste tipo de produto, o gestor busca empresas com forte capacidade de geração de caixa, que possuam uma estratégia bem definida e atuem em business consolidados.” O fundo de dividendos gerido pela Plural acumulou em 2023 um retorno de 23,96%.