Consultores-robôs de patrimônio já estão entre nós
John Bowman* (Ilustração: Rodrigo Auada)

John Bowman* (Ilustração: Rodrigo Auada)

As mídias sociais se tornaram, para muitos de nós, parte essencial da comunicação. Postamos, curtimos, deslizamos as telas para todos os lados e marcamos pessoas sem limites, enchendo nossos perfis online com uma quantidade imensa de dados. Imagine se toda essa informação pudesse ser usada para o planejamento de uma aposentadoria ou a montagem de uma carteira de investimentos.

Parece loucura? Pois não é. Um grande player da área de mídias sociais já está apostando nisso. O Snapchat, aplicativo de mídia social conhecido pelas mensagens instantâneas que logo desaparecem, quer se tornar um consultor-robô (robo-advisor), usando dados disponíveis on-line e algoritmos sofisticados — a ideia é gerir o dinheiro dos seus usuários por meio de investimentos diversificados e de baixo custo, como os ETFs. No Brasil, esse conceito também está ganhando força. Só no último ano, vimos o surgimento de duas novas startups no mercado local, oferecendo serviços de investimento automatizado por meio de consultor-robô. A mais recente é a Magnetis.

Há provas de que os profissionais do setor estão resistentes à mudança. Entretanto, fatores cada vez mais relevantes como avanços tecnológicos, regulamentações mais duras e mudança de hábitos de consumo forçam os executivos a se adaptar ao mercado.

De um lado estão os assessores de patrimônios privados de clientes importantes, oferecendo produtos e serviços personalizados para atender aos anseios desses clientes, eventuais dívidas futuras e necessidades de fluxo de caixa complexos. De outro aparece a consultoria de baixo custo, sem frescuras, que atende de forma eficiente ao varejo e à população de nível mais baixo. Os novos players estão conquistando esse espaço com o modelo de tecnologia automatizada do consultor-robô, ganhando credibilidade e ajudando a derrubar as barreiras de empresas como Facebook e Amazon. Consultorias em riqueza de patrimônio contratadas e que cobram por hora também se fortalecem. Receosos, os oponentes à regra fiduciária simplesmente subestimam a força inovadora do setor financeiro no que diz respeito a isso.

O atual modelo de massa afluente, no entanto, está repleto de conflitos que, muitas vezes, levam a um conselho ruim, a conflito de interesses e a falta de transparência. Se as empresas querem conquistar esse crescente segmento de mercado, elas terão que oferecer aos clientes a consultoria personalizada necessária para atender às metas desses clientes.

Os grandes vencedores nessa mudança do setor serão os profissionais de gestão de patrimônio capazes de restabelecer uma proposta de valores, além de priorizar as necessidades e metas financeiras de seus clientes. O abandono de artefatos do passado — como referência pública, rankings trimestrais e silos de produtos, que se desviam das verdadeiras necessidades individuais de quem paga pelo serviço — é essencial para a sobrevivência a essa destruição criativa. Uma coisa é clara: o status quo não é uma opção. As empresas devem oferecer melhores recursos e reanexar seus serviços para o bem público de seus clientes, das comunidades e das economias como um todo.

Os players que optarem por continuar se fingindo de mortos estarão ignorando as lições oferecidas pela história. Só porque você tem hasteada a bandeira de um grande banco ou empresa de gestão de patrimônio do lado de fora de seu escritório não significa que você estará protegido. Os consultores-robôs já estão entre nós e a próxima virada de jogo pode estar ali na esquina.


* John Bowman ([email protected]) é diretor para as Américas do CFA Institute


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